O carnaval é a época apropriada para realizar de forma figurada as pulsões de nossa verdadeira personalidade.
Ao grito de “Evoé” desde a antiguidade o ser humano se liberta e deixa aparecer os personagens que povoam seu subconsciente.
Personalidades souberam transformar estas forças em beleza e arte.
No Brasil, Rio de Janeiro, por cerca de cinquenta anos, avultou a arte e a criatividade de Clovis Bornay. Com a força de suas convicções transportou para o Teatro Municipal o desfile de fantasias que estimulava com a beleza de suas criações. Foi príncipe, rei, jardineiro enfim, tudo o que soube fantasiar para embevecer as multidões de foliões que aguardavam suas apresentações como um sonho vívido.
O desfile de fantasias de luxo tornou-se e continua sendo uma marca da cidade para o mundo. Retomado por empresários é quase um mecenato. Todos anseiam participar e sua realização é o auge de muitos meses de labor e expectativa de centenas de candidatos a uma vaga no cortejo. O desfile figura como referência turística atraindo participantes e espectadores de todo o mundo. Ser admitido no desfile Clovis Bornay é o sonho e aspiração dos carnavalescos do mundo inteiro. Uma vaga equivale ou mesmo ultrapassa em importância a uma vaga no desfile maior no sambódromo porque seu número menor acirra a concorrência e torna mais prazerosa a vitória do lugar conquistado. A seleção dos participantes é criteriosa e isenta de influências que não privilegiem os valores que Bornay cultivava. Originalidade, luxo, beleza são os determinante s da escolha. Sua organização, hoje por Belino Mello, nos salões do Club Monte Líbano desperta nos carnavalescos o anseio da gloria e do brilho nas telas internacionais. O júri, composto de personalidades ligadas a arte, a cultura ao empresariado do entretenimento é mantido em sigilo para evitar constrangimentos provocados por personalidades equivocadas, pois sempre as há.
Ponto de passagem obrigatório dos turistas desembarcados dos grandes navios reúne multidões no “sereno” para assistirem a entrada. É sonho dos nórdicos passageiros e de nossos “Clovis” ou bate-bola dos subúrbios que vem na noite de sábado gordo sonhar com os personagens do desfile.
Evoé aos que não deixaram morrer a obra do grande artista Bornay. A importância que o desfile tomou é bem a continuidade do legado que nos deixou e o prestígio que os novos carnavalescos emprestam ao desfile está na medida do alcançado pelo seu criador nos anos 60.
Lá de seu mundo encantado Bornay deve sorrir seu riso felino vendo que seus continuadores não o desmerecem. ESCRITO POR KELLY GUERREIRO!!
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