domingo, 18 de agosto de 2013

Clube reúne donas de casa gringas para trocar aflições da vida em SP

Marcos Finotti/ 
Membros do International Newcomers Club no encontro de agosto do grupo, nos Jardins Parece até episódio da série "Desperate Housewives", mas é a reunião do INC (Internacional Newcomers Club, ou "clube internacional dos recém-chegados", em tradução livre).O INC é uma espécie de irmandade de estrangeiras que se mudaram para São Paulo. A maioria viajou por causa do emprego do marido. Tinham profissão no país natal, mas por aqui elas viraram donas de casa.É o caso da alemã Birgit Runge, 46, que trocou há quase cinco anos uma cidade no interior da Alemanha por um supercondomínio em Santo Amaro -com piscina, academia, serviço de manicure e até minimercado.Birgit contou com a ajuda do clube para fazer amigos e diminuir o choque cultural. "Me disseram para ter paciência porque aqui ninguém chega no horário mesmo, e isso não é considerado falta de educação."LULUZINHASA associação foi fundada em 1961 e, no começo, era "ladies only" (exclusiva para mulheres). Hoje, aceita rapazes -havia um único homem no brunch com 50 pessoas visitado pela sãopaulo na quarta passada.O americano Dan Cubbin, 44, chegou ao Brasil há duas semanas. Sua mulher, executiva da General Motors, foi transferida para cá, e ele, funcionário da Siemens, conseguiu um ano sabático no trabalho.Dan ainda está tentando se acostumar à vida fora do escritório -e cercada de mulheres. "Minha mulher não tem ciúmes. Desde que eu me mantenha ocupado, para ela, ótimo."Uma das melhores dicas que diz ter recebido foi ter cuidado por onde anda. "Também temos motoqueiros em Detroit [nos EUA], mas não tão agressivos. Esses caras são loucos!"A programadora Cynthia van der Spuy, 38, é outra que se habitua ao processo de virar dona de casa. O marido é membro do corpo diplomático da África do Sul, e os cônjuges, nesse caso, não têm autorização para trabalhar. "Meus primeiros sete meses foram muito duros, eu não tinha nada para fazer." Quando conheceu o INC, Cynthia se ofereceu voluntariamente para organizar o São Paulo Comes Alive, evento de caridade para ajudar crianças órfãs.O começo foi igualmente difícil para a italiana Josette Pievani, 55. "São Paulo é uma loucura, uma loucura! O trânsito, os prédios", diz ela, que alterna a conversa entre inglês e português -ambos macarrônicos. "As pessoas vivem se beijando, até seu médico e seu advogado! Eu amo, agora beijo todo mundo", diz ela, antes de exigir que o fotógrafo da sãopaulo dê dois beijinhos ao sair.E dona Josette já sacou: simpatia nem sempre quer dizer amizade por aqui. "As pessoas te dizem: me liga, me liga, vamos combinar um encontro... Mas não passam o telefone!"O clube também aceita brasileiros que moraram muito tempo fora, como Luciana Lewis, 47, que voltou ao Brasil em 2012, após dez anos no exterior. Ela agora dá dicas para as recém-chegadas evitarem conflitos com as empregadas domésticas. "Elas querem ter uma. Não estão acostumadas a ter uma pessoa de fora ajudando em casa."

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